ATA DA QUARTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 20.05.1993.

 


Aos vinte dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Fi­lho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quarta Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Pri­meira Legislatura. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear os sessenta anos do Jornal do Comércio, conforme Reque­rimento nº 02/93 (Processo nº 214/93) de autoria do Vereador João Dib. Compuseram a Mesa: Vereador Wilton Araújo, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhora Zaida Jayme Jarros, Presidente da Companhia Jornalística J.C. Jarros; Senhor Delmar Jayme Jarros, Vice-Presidente da Companhia Jornalística J.C. Jarros; Senhor Luiz Carlos Barbosa da Silva, Coordenador de Projetos Especiais, representando o Prefeito Municipal; Desembargador Tupinambá Castro do Nascimento, representando o Tribunal de Justiça do Estado; Tenente-Coronel Juarez de Oliveira, re­presentando o Comando Geral da Brigada Militar; e Vereador João Dib, Secretario “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, de pé, ouvirem o Hino Nacional. Após, o Senhor Presidente pronunciou-se acerca da homenagem e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Dib, proponente e em nome da Bancada do PDS, disse que laços de amizade e gratidão o unem ao Jornal do Comércio e à família Jarros. Referiu-se ao Jornal abordando dados históricos e características específicas atuais do mesmo. Desejou felicidades ao Jornal do Comércio à Senhora Zaida Jarros e a sua equipe pelo trabalho realizado para o seu sucesso. O Vereador Artur Zanella, pela Bancada do PDT, falou da tradição que ocorre anualmente no mês de maio, quando a Casa presta uma homenagem ao Jornal do Comércio. Historiou momentos de sua vida em que esteve presente nos acontecimentos mais importantes dessa Empresa. Falou sobre a seriedade jornalística dessa Empresa. O Vereador Antônio Hohlfeldt, pelas Bancadas do PT e PPS, disse que como jornalista que é se sente orgulhoso de como Vereador prestar esta homenagem ao Jornal do Comércio e toda sua equipe. Disse, ainda, que o Jornal do Comércio tem conseguido mudar pouco a pouco, conquistando gradualmente novos rumos, e, portanto, nesse sentido melhorando. Referiu-se ao Jornal do Comércio com investidor do espaço cultural e ao grande número de pessoas que o lêem. O Vereador Fernando Zachia, pela Bancada do PMDB, saudou pelo sexagésimo aniversário do Jornal do Comércio, dizendo ser o mesmo o jornal mais antigo nessa área. Historiou a trajetória desse meio de comunicação desde sua fundação. Disse que sua função social é devido a sua coerência nas informações prestadas. O Vereador Eliseu Santos, pela Bancada do PTB, disse que esta Casa está hoje homenageando um idealizador, Jenor Jarros, que iniciou com o “Informativo de Cargas” e posteriormente se transformando em jornal. Afirmou ser um veículo de diversos tipos de informações, que leva a notícia com imparcialidade. A Vereado­ra Maria do Rosário, pela Bancada do PCdoB, reportou-se sobre a ética do jornalismo, afirmando ser a mesma do cidadão. Registrou que o Jornal do Comércio acompanhou publicando a história do País. Lembrou sua atuação em episódios marcantes para o povo brasileiro, e, também, comunicou que fora adquirida a Rede Princesa, composta por três rádios. O Vereador Jair Soares, pela Bancada do PFL, referiu-se sobre homenagem hoje prestada, di­zendo que conheceu pessoalmente Jenor Jarros e como assessor do Secretario Euclides Triches mantivera contatos diários com o Presidente do Jornal do Comercio. Ressaltou a lisura dessa empre­sa e que serviu de tribuna para lutar e levar ao conhecimento da população a respeito das campanhas contra as doenças transmissíveis. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presen­ça, no Plenário, do Senhor Vilson Carlos Brum, Vice-Prefeito de Rio Pardo; Vereadores Edvilson Brum e João Carlos Daudt, também daquela cidade; e Senhor Benito Justos, representando o Deputado Germano Bonow. Após, o Senhor presidente concedeu a palavra a Senhora Zaida Jarros que se manifestou sobre a história do Jornal do Comércio, afirmando que o mesmo sediou-se nesta Cidade com o propósito de alcançar seus objetivos de levar ao conheci mento da população notícias sobre a pecuária, economia, etc. Às dezoito horas e quarenta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Wilton Àraújo e secretariados pelo Vereador João Dib, Secretário “ad hoc”. Do que eu, João Dib, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e 1º Secretário.

 

 


(Errata: Onde lê-se “Ata da Quarta Sessão Solene, leia-se “Ata da Quinta Sessão Solene.)

 

 


O SR. PRESIDENTE: Damos início à Sessão Solene destinada a homenagear os 60 anos do Jornal do Comércio a Requerimento do Ver. João Dib, aprovado por unanimidade por esta Casa. É muita honra para a Câmara Municipal e para o povo de Porto Alegre, na tarde de hoje, homenagear a instituição Jornal do Comércio.

Convidaria a todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(O Hino Nacional é executado.)

 

O SR. PRESIDENTE: A homenagem foi requerida pelo Ver. João Dib. Inicia-se, agora, o marco de 60 anos do Jornal do Comércio.

Exatamente, para falar em nome da Casa, em nome da Bancada do PDS, o proponente da homenagem, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Excelentíssimo Senhor Presidente Ver. Wilton Araújo; caríssima dona Zaida Jayme Jarros - Presidente da Companhia Jornalística JC; Senhores Vereadores, meus senhores e minhas senhoras.

Laços de amizade e de gratidão me unem ao Jornal do Comércio e à família Jarros. 47 desses 60 anos da existência do Jornal do Comércio, eu tenho acompanhado diuturnamente. E a gratidão que eu tenho é porque, estudante nesta cidade em 1945, eu passava muitas dificuldades. E um dia, no 2º ano que aqui eu estava, descobri que, se fizesse uns polígrafos para os meus colegas do Colégio Júlio de Castilhos, eu teria uma belíssima fonte de renda. Apenas eu não tinha dinheiro. Fui no consultor do comércio, que era na Travessa Luís Antunes, no 3º andar do Palácio do Comércio, e me apresentei lá com toda tranqüilidade, e disse que precisava fazer um trabalho, mas que eu não tinha dinheiro, que aquelas pessoas que ali estavam deveriam acreditar em mim, porque eu voltaria para pagar.

O Dr. Agenor Jarros tinha um escritório envidraçado, estava parado na porta. O senhor Varella ficou olhando para mim e olhando para ele. Os dois olhavam para mim, e eu fiquei preocupado. Eles me disseram que iriam acreditar em mim e iriam fazer os polígrafos sem nenhum problema, depois eu iria pagar. E assim foi que eu mudei minha vida. Fiquei com uma fonte de renda muito expressiva, até, porque todas as vezes que eu ia lá no Jornal do Comércio eu dizia que fazia os polígrafos para que eu pudesse vender lá no Sindicato. Fizeram turmas de 50 alunas, e eram 6 ou 7 ou 8 turmas, às vezes, e eu tinha uma belíssima fonte de renda , que mudou a minha vida e me possibilitou estudar com muito mais tranqüilidade. E, mesmo na Escola de Engenharia, eu costumava fazer a mesma coisa.

Mas isto são reminiscência, já estou com saudade. Nós temos que falar do presente. Nós temos que falar é do Jornal do Comércio, que quem lê, não troca. (Lê.)

Fundado em maio de 1933 por Jenor Cardoso Jarros, o Jornal do Comércio é, hoje, o jornal mais antigo em circulação contínua na Capital.

Sempre fiel à sua cobertura dos assuntos comerciais, industriais, financeiros e da agropecuária, o Jornal do Comércio não tem a preocupação do gigantismo ou da onipresença. Tem público fiel e selecionado nestes 60 anos de vida e assim sabiamente pretende continuar.

Primeiro jornal da cidade a adotar o sistema de impressão em off-set, em 1969, nem por isso o JC viu-se enredado na compulsiva necessidade de modernização sistemática de equipamentos. “Devagar bem e sempre” pode ser o lema da empresa, hoje dirigida por Delmar Jarros e dona Zaida Jarros, com a necessária e competente experiência jornalística de Homero Guerreiro, entre outros assessores.

A fidelidade dos assinantes ao Jornal do Comércio deve ser entendida como uma cumplicidade entre o que o leitor espera e encontra no Jornal que lê. Por isso o JC cumpre 60 anos de jornada ininterrupta numa área onde os solavancos e as baixas foram significativas nos últimos vinte anos.

Hoje, o Jornal do Comércio aprimora seu parque gráfico dentro da realidade empresarial. Típico jornal de Porto Alegre, embora sua expansão no rumo do Interior, aqui fez sua grandeza e aqui tem suas melhores raízes.

O que antes era estranho para um diário, hoje é rotina editorial de toda a imprensa. O Jornal do Comércio, na visão do seu fundador, sentiu que a economia era a mola mestra da administração. Com ela, confunde-se a política. Do simples manifesto de cargas com que iniciou, hoje o Jornal do Comércio está completo. Artes, Esportes, Geral, Política e, principalmente, Legislação são seus pontos fortes. E a qualidade sobrepõe-se à quantidade, na certeza de que os leitores de jornal são qualificados e exigentes.

O segundo caderno é um compêndio de informações as mais valiosas: tributárias, financeiras, culturais, trabalhistas e tudo sobre economia.

Felicidades ao nosso Jornal do Comércio. Felicidades à nossa queridíssima Dona Zaida e ao querido amigo Delmar Jarros. Felicidades ao Guerreiro, ao Brenol, ao Sepé, ao Roque, ao Ivan, ao Gilberto, à Cristina, à Valéria, à Leila, ao Gamboa e ao Metzler.

Felicidades a todos os que pelo seu trabalho cooperam de uma ou outra forma para edição sempre respeitada do Jornal do Comércio: “Quem lê não troca”.

Estejam certos que comemoraremos muitos aniversários do nosso JC que, a cada ano que passa, se torna mais sólido e respeitável.

A todos, saúde, paz e sucesso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente da Câmara Ver. Wilton Araújo; Presidenta da CIA. Jornalística JC Jarros Srª Zaida Jarros; Sr. Delmar Jayme Jarros; Srs. Vereadores; minhas Senhoras e meus Senhores. Estou aqui há menos tempo do que o Dib e do que o Elói. Sou da mesma época do Antônio, do Wilton. Tornou-se, efetivamente, uma tradição no mês de maio, fazer uma homenagem ao Jornal do Comércio. Tenho conseguido, pela bondade dos meus colegas, quase sempre, ser o orador que represente a minha Bancada, porque eu gosto e faço questão de discutir algumas coisas, tendo como norte, como exemplo, o Jornal do Comércio. Nós, aqui nesta Casa, temos momentos difíceis, momentos alegres e momentos sérios. Este momento é sério e bom. Em 1945, eu ainda não era um estudante, com era o Ver. João Dib. No ano em que eu nasci, o Jornal do Comércio andava de canoa para o centro de Porto Alegre por causa da enchente de 1941, mas não deixou nunca de funcionar e de levar a informação àquela classe empresarial de Porto Alegre e do interior. Lembro-me, também, quando menino, que meu pai era Exator Estadual da Cidade de Itaqui e recebíamos os jornais. O Jornal do Comércio, de segunda-feira, chegava, lá em Itaqui, na quarta e nós o recebíamos, pelo correio, na quinta-feira. Lembro-me, ainda estudante do primário, que aquilo era uma grande interrogação. Lia a coluna do professor Aveline, quando eu tinha uns nove, dez anos, depois tive a honra de ser seu aluno. Não entendia nada daquilo, mas sabia que era uma coisa séria. Eu sabia que aquilo tinha densidade muito grande. E esta, me parece, que deva ser, ao menos da minha parte e do meu partido, a manifestação num dia como o de hoje, que é o papel da imprensa, dos jornais, e o papel de um jornal sério como é o Jornal do Comércio. Há poucos dias estive em Brasília - e tudo isso um dia será história - numa quarta-feira, assistindo a um depoimento de um Ministro da Fazenda, e quase a totalidade dos Senadores presentes queria ajudar, queria entender a uma série de histórias, mas ele contava e apresentava uma história, e as pessoas lhe faziam perguntas fáceis até, para ver se ajudavam naquele depoimento. Eu e o Deputado que estava comigo olhávamos a bancada dos jornalistas, e esse Deputado, que é um sábio, disse assim: amanhã a imprensa liquida com este ministro, porque ele está mentindo. O resultado nós tivemos ontem. Em compensação lá na França, que é a Moção que historicamente identificamos como a origem dos direitos humanos, há poucos dias, um ministro suicidou-se, porque não agüentou aquela campanha, que, no seu dizer, foi difamatória, que contra ele a imprensa francesa descarregava naquela guerra. Eu falo agora de dois extremos, da imprensa irresponsável, que não se importa com as pessoas, com a alma das pessoas, com o seu passado, e as liquida porque quer liquidá-las, e a imprensa que liquida alguém, porque tem que liquidar mesmo. Eu identifico, neste local, neste papel, nesta trincheira em defesa daquilo que é justo, certo e daquilo que é sério, o Jornal do Comércio. Eu, poucas vezes, li um erro, um equívoco do Jornal do Comércio. Se identifico um problema, tenho certeza de que no outro dia, quando eu leio o Jornal do Comércio lá vem o desmentido: “Ontem houve um equívoco e este jornal informou com alguma incorreção isto e aquilo”. Esta é a função do jornal. Esta é a função do jornal que representa a comunidade. O povo não tem condições de ir lá, de reclamar com a ênfase que a imprensa faz. É por isto, Dona Zaida, Delmar, seus familiares que aqui estão, seus netos, seus filhos, suas filhas, que eu queria dizer que, provavelmente, nos 70, nos 90 anos do Jornal do Comércio não terei oportunidade de fazer um discurso aqui, examinando a questão da imprensa e dando os méritos ao Jornal do Comércio, a sua posição e a sua estatura moral, mas tenho certeza de que, aqui nesta Casa, dos meus filhos, dos meus netos, esta Cidade continuará vendo um jornal sério, uma companhia jornalística que tem credibilidade e a que Porto Alegre tanto deve. Eu, como um dos representantes institucionais desta Cidade, só posso dizer, dona Zaida, que tenho uma grande satisfação em vê-la novamente conosco. A Senhora sabe o respeito e a admiração que esta Casa tem pela Senhora e esperamos que por longos, por muitos anos, por toda a eternidade, nós possamos dizer que a Senhora conduz com a mão equilibrada, com a mão amiga, com a mão férrea, com a mão honesta, um grande jornal. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para honra desta Casa, registramos as presenças do Sr. Vice-Prefeito do Rio Pardo, Vilson Carlos Brum, dos Vereadores, também daquela cidade, Edvilson Brum e João Carlos Daudt. Também, a presença do Sr. Benito Justos representando o Deputado Germano Bonow. Sejam bem-vindos Vereadores e Prefeito, caro representante do Deputado.

O próximo orador, que falará em nome do PT e do PPS, é o Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt, representando a Bancada do PT, e do PPS.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Exmo. Sr. Ver. Wilton Araújo, Presidente desta Casa, minha querida dona Zaida Jayme Jarros, Presidente da Cia. Jornalística JC Jarros, prezado Dr. Delmar Jayme Jarros, Vice-Presidente da Cia. Jornalística JC Jarros, meu companheiro Jornalista Luiz Carlos Barbosa da Silva, que representa o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, que é o Coordenador dos Projetos Especiais da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e muito especialmente a saudação ao meu companheiro Benito Justos, jornalista dos bons tempos da Caldas Júnior, e a Valéria com quem a gente se encontra tantas e tantas vezes lá na Rádio Princesa. Em primeiro lugar, agradeço aos meus companheiros da Bancada do meu Partido que me permitiram aqui representar a Bancada, Ver. João Motta, Ver. Guilherme Barbosa, esses dois que estão aqui comigo, e agradeço também ao Ver. Lauro Hagemann, que se encontra em Florianópolis, não pode regressar a tempo, me pediu por telefone que eu fizesse a representação do PPS neste momento. Antes de falar como vereador que me é permitido nesta Sessão, lembro que eu sou um Jornalista, com uma experiência razoável, senão de aprendizado ao menos de experiência de mais de 20 anos, e é enquanto Jornalista que eu me sinto orgulhoso de na condição de Vereador poder me dirigir a V.Ex.ª e demais companheiros do Jornal do Comércio e toda equipe do Jornal que aqui está para festejarmos esses 60 anos do Jornal do Comércio. De um lado me chama atenção que num tempo de incongruências, num tempo de inconstância, num tempo de indefinições, esse “slogan” escolhido pela Empresa para marcar os seus 60 anos, “Quem lê não troca”, remete diretamente a aquilo que é a maior característica do Jornal do Comércio, que é a fidelidade do eleitor. Eu cresci lendo o Jornal do Comércio, eu sou filho de um contador, e, portanto, o primeiro Jornal que eu li na minha vida foi o Jornal do Comércio, e durante muito tempo foi o único jornal que eu lia, inclusive não tínhamos dinheiro para comprar outro. A escolha desse “slogan” me chama atenção porque ele toca numa palavra que me parece fundamental hoje, em relação à imprensa e estou falando da imprensa, sobretudo, “strictu sensu” eu quero dizer da comunicação gráfica que é a questão da leitura. Por trás dessa idéia do quem lê não troca acho que está a outra característica do “Jornal do Comércio”. Por injunções, por cópias, por macaquices, que nós costumamos fazer da imprensa internacional, sobretudo norte-americana, importamos modelos a partir dos anos 70 de jornais onde a ditadura da diagramação, onde o pretenso apelo da grande fotografia, onde a falsa preocupação com o leitor que não teria tempo de perder com o jornal fez com que cada vez menos se dê informação e cada vez mais se diminua os espaços das informações e do aprofundamento das matérias. Pois o “Jornal do Comércio” parece-me que com esse “slogan” está a ratificar uma coisa, para mim que vivi uma experiência de “Correio do Povo” durante 17 anos, para mim que vivo diuturnamente a experiência de enfrentar textos longos dentro da minha profissão enquanto escritor, enquanto ensaísta, para mim que pretendo ser um bom leitor de jornal, me é fundamental encontrar em um jornal a informação ampla, completa, profunda, com os antecedentes, com um conjunto de dados e, eventualmente, inclusive, com as possibilidades das projeções e dos desdobramentos. Não é por um acaso, portanto, que o jornal aposta neste “slogan” da qual destaco essa idéia da leitura no seu sentido mais amplo. Se pudéssemos aqui divagar por mais tempo sobre a imagem da leitura eu gostaria de relembrar o professor Paulo Freire, para quem a questão da leitura é uma questão fundamental não só do texto, mas da própria compreensão e da apreensão da realidade, das coisas que nos circundam e das relações dessas coisas que nos dizem respeito. O “Jornal do Comércio”, ao longo desses anos tem-se adaptado permanentemente ao seu tempo. Não são grandes revoluções. Nós temos visto tantos outros periódicos na cidade que mudam radicalmente, só que curiosamente não melhoram. O “Jornal do Comércio” tem conseguido mudar pouco a pouco mantendo o fundamental. Isso foi uma característica desse seu início, e conquistando gradualmente novas coisas e, portanto, nesse sentido melhorando. Eu, evidentemente, sou suspeito para falar porque é público de que sou um funcionário do “Jornal do Comércio” com muita honra, para mim enquanto jornalista. Funcionário de carteira assinada depois de 22 anos de profissão, pela primeira vez, para ser um profissional da cultura, um profissional da crítica de teatro. Passei 20 anos fazendo isso de graça. Nos últimos dois anos consegui encontrar um veículo que se dispunha a investir na cultura, um veículo que aparentemente não tinha nada a ver com isso, mas que entendeu que de repente o empresário, um comerciante, um parênteses que a mim chama atenção e comentávamos agora Dona Zaida essa semana lá em Canela no Festival de Teatro de Bonecos, é curioso a faixa fantasticamente larga de leitores que o “Jornal do Comércio” acaba atingindo. Nós tradicionalmente falamos que um jornal tem uma média de quatro, cinco leitores por exemplar. O “Jornal do Comércio” tem uma experiência absolutamente diversa, ele é lido pelo empresário, pelo comerciante, pelo patrão, traz os dados fundamentais que aqueles homens que decidem o dia a dia da nossa cidade precisam saber, pelos políticos, pelos administradores, mas depois é lido no escritório pela balconista, pelo caixa do banco, pelo “office-boy”, e se chega na Casa da família acaba sendo lido pela esposa, pelos filhos e vai por aí afora. Eu já tenho visto várias vezes em conversa com o pessoal de teatro: É, a turminha aquela que está ali é a gurizada que trabalha de “office boy” na empresa tal, eles levam o jornal debaixo do braço. E o jornal é o “Jornal do Comércio”, sobretudo quando tem essas promoções de barateamento de peças populares ou quando o “Rádio Princesa” resolve entrar no jogo e faz uma promoção maior é curioso como repercute junto ao público que tradicionalmente não está ligado aos problemas culturais, mas que de repente descobre que tem uma pequena chance de participar de alguma coisa desta cidade. É por esse sentido que o jornal criou-se e se mantém com a confiança do leitor porque tem credibilidade, o Ver. Zanella tocava nisso muito bem, eu não vi o “Jornal do Comércio” ter-lhe desmentido alguma coisa em informações, não lembro-me realmente disso. Claro, nas colunas, eventualmente, quando comentamos, damos opiniões, é outro problema, estou falando em termos de informação genérica, diária. Temos uma modernização gráfica que corresponde também uma modernização de mentalidade do que seja o veículo, o jornal, inclusive, com a introdução de novos espaços sofreu agora, na última modificação. Alguém vai perguntar: horóscopo no Jornal do Comércio? Bom, mas se faz tanto negócio atrás de horóscopo! Qual é o problema? Me sinto muito em boa companhia comentando livros, em cima, e o horóscopo, dando um tom um pouco mais leve, em baixo na mesma página, no mesmo espaço, não me agride, pelo contrário, também é ficção; eu falo de literatura e o horóscopo faz outro tipo de ficção, eventualmente, sem nenhum problema.. A atualização que o jornal soube encontrar trazendo, por exemplo, comentários de esportes, ampliando o comentário de esporte, não se cingindo ao futebol, mas buscando, por exemplo, o esporte amador. Mais do que isso, esses cadernos que hoje atingem, já não é mais a grande Porto Alegre, mas uma boa parte do Rio Grande do Sul e se tornar, inclusive, veículo de informação de alguns desses municípios fundamentais. Eu cito, por exemplo, a própria Caxias do Sul, hoje tem uma circulação fantástica de Jornal do Comércio. Não é difícil se chegar em escolas dentro de Caxias do Sul, em empresas de Caxias do Sul, e não é um exemplar do Jornal do Comércio, são três ou quatro exemplares do Jornal do Comércio. Com todos esses problemas que se possa ter de uma demora maior ou menor, que não é um caminhão especial que sai correndo para levar o jornal e às vezes a pressa cria problemas. O jornal chega mais devagar, mas chega com mais confiança, com mais tranqüilidade. Há uma abertura que me parece importante, inclusive, com a criação num dia de um complexo, numa variação de veículos dentro dos quais a Rádio Princesa me parece que, buscando um outro segmento populacional, é extremamente importante e, sobretudo, me parece que se coloca no Jornal do Comércio uma série de grandes desafios que fazem com que, certamente, o Delmar fique de cabelos brancos, se preocupe efetivamente e tenha de enfrentar, obviamente, algumas questões mais cabeludas. Por exemplo: vai vir o dia, não adianta, de que haverá expansão da área física do Jornal do Comércio. Vai vir o dia que nós vamos pensar em modificar aquela redação que o jornal tem hoje porque vai ter mais gente trabalhando e vai exigir melhores condições de trabalho, e isso faz parte do jogo e de todos nós dentro do nosso dia-a-dia. E vai ter, sobretudo, uma possibilidade e quem sabe lá algum dia o Jornal do Comércio vai pensar também em, de vez em quando, ter uma fotozinha colorida para agradar aqueles que se acostumaram com a TV a cores e que acham que o jornal fica muito sisudo só no preto e branco. Isso são coisas para o futuro, são coisas que poderão ser as pequenas modificações no dia-a-dia, mas que não vão fazer aquela diferença que o Jornal venha atrair na sua origem que foi e o que quis ser e que tem sido até o momento. Portanto, nesse sentido, quero trazer o abraço em nome dos meus companheiros do Partido dos Trabalhadores, o companheiro Lauro Hagemann, em meu nome muito pessoal dizia ainda pouco o Delmar: eu tenho o imenso orgulho de integrar a equipe do Jornal do Comércio do meu ponto-de-vista profissional de jornalista.

Meu encontro com o Jornal do Comércio mais recente foi quando, na PUC, orientei o trabalho de uma aluna, Maria Luiza Celetti, que depois esteve na equipe do Jornal durante certo tempo, que era a história do Jornal do Comércio. Inclusive o Guerreiro se envolveu muito, o Delmar ajudou e que virou um livro. O Jornal do Comércio, gradualmente, sem pressa, com naturalidade, vai ocupando os espaços na Cidade de Porto Alegre e, por isso mesmo, merece essa homenagem de hoje e faz jus ao slogan que foi assumido: “Quem lê não troca”. E é por isso que o Jornal tende a crescer ao longo dos próximos anos, até o seu centenário. Nós não estaremos aqui, mas garanto que a D. Zaida estará aqui presente para festejar. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Além dos oradores, também contamos com as presenças dos Vereadores João Motta, Guilherme Barbosa, Geraldo de Matos Filho, José Gomes, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn e Luiz Braz.

 O próximo Vereador falará pela Bancada do Partido do Movimento Democrático Brasileiro. O Vereador Fernando Záchia está com a palavra.

 

O SR. FERNANDO ZACHIA: Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre Ver. Wilton Araújo; Exma. Srª Presidente da Cia. Jornalística JC Jarros Dra. Zaida Jarros; Exmo Sr. Vice-Presidente da Cia. Jornalística JC Jarros Dr. Delmar Jarros; Srs. Vereadores. Sras. e Senhores. (Lê.)

É com satisfação e orgulho que a Bancada do PMDB desta Câmara Municipal saúda o sexagésimo aniversário de Fundação do Jornal do Comércio, o JC um dos mais tradicionais periódicos do Rio Grande do Sul e do Brasil. Nós, Vereadores do PMDB de Porto Alegre, também queremos nos associar as inúmeras felicitações merecidas, que o JC recebe por estes 60 anos de gloriosa existência. Junto a isto, é o jornal mais antigo da cidade, ao considerarmos que neste período manteve contínua a sua circulação.

E, ao observarmos à história dessas seis décadas, concluímos que a tarefa de manter o Jornal do Comércio em atividade constante não foi fácil. Foi fundado por iniciativa do grande empreendedor Jenor Carlos Jarros, nas vésperas da implantação do Estado Novo, dirigido pelo então Presidente Getúlio Vargas. Época de censura à imprensa e de empastelamentos de jornais, que mal ameaçavam possível oposição ao governo nacional vigente. Passou pela segunda Guerra Mundial, quando a censura ainda se mantinha e após pela turbulência política dos anos 50.

Mais tarde veio o regime militar, que, por duas décadas, manteve controle rigoroso sobre os meios de comunicação. Finalmente chegou a recessão econômica, afetando os meios de produção do País, inclusive os órgão de comunicação. Até agora, no entanto, o JC pela dedicação e dinamismo da família Jarros, atualmente sob comando da viúva de Jenor, Dona Zaida, e pelo filho do casal, Delmar certamente com sacrifício, conseguiu se manter e na tradição de bem informar seus milhares de leitores de todo o Estado.

“A evolução política de um povo caminha junto com a grandeza de sua imprensa”.

Sua função informativa por excelência é social, não desconhecendo em decorrência disto, sua seriedade e autoridade como formadores de opinião.

 A capacidade de resistência decorre de sua estatura moral, conquistada através de serviços prestados à comunidade.

Nós, da comunidade gaúcha, aprendemos a respeitar o Jornal do Comércio, devido à coerência de sua linha editorial.

Mesmo em sua fase mais difícil, evitou cair no valo comum do sensacionalismo, optou com coragem e determinação por informar com responsabilidade.

Faz da verdade seu único lema. Da obrigação de bem servir a comunidade gaúcha, sua missão. “Busca a verdade onde ela esteja.”

Em 25 de maio de 1933, o jornalista Jenor Cardoso Jarros, numa demonstração de senso prático e objetivo, anteviu a necessidade de um periódico especializado em comércio. Assim, nesse dia, publicou o primeiro número do produto que idealizará: “O Consultor do Comércio”, nome que antecedeu o de Jornal do Comércio por 20 anos. Só em 1953, o Consultor de Comércio passou a se chamar Jornal do Comércio.

Quando de sua fundação, o então Consultor do Comércio não passava de um boletim mimeografado, com o “Manifesto de Cargas”, como informação principal. Nele constava, com relativa antecedência, os nomes dos navios que estavam para atracar e o tipo de carga que conduziam ao Porto. Por isso, logo tornou-se popular entre os comerciantes, especialmente os atacadistas. Com o passar dos anos, o transporte fluvial e marítimo no estado perdeu espaço para o rodoviário e aéreo.

Isso, porém, não chegou a afetar a linha editorial da Companhia Jornalística JC Jarros. A empresa procurou adequar-se aos novos tempos e, portanto, diversificou o noticiário, através de novas seções, como política, geral, esportes, variedades e internacional, sem perder a ênfase principal, as informações econômicas. Na ânsia de acompanhar a evolução do mundo, o JC foi o pioneiro em Porto Alegre e possivelmente no estado, a introduzir o sistema de impressão a frio o “off set”, em 1970, em substituição ao agora histórico esquema da linotipia, com impressão a quente.

Dessa maneira, com coragem e dinamismo, a família Jarros permaneceu na luta diária de fazer com que o JC cresça cada vez mais para orgulho dos gaúchos com relação à imprensa que nos atende.

Verdade e dignidade, isto o povo gaúcho sempre encontrou em suas notícias.

“A imprensa é os olhos do povo”. Rui Barbosa.

Parabéns Jornal do Comércio, como também seus funcionários e diretores! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pelo PTB, o Ver. Eliseu santos.

 

O SR. ELISEU SANTOS: Exmo. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Wilton Araújo; Exma. Sr.ª Presidente da Cia. Jornalística JC Jarros, Srª Zaida Jayme Jarros; Exmo. Sr. Vice-Presidente da Cia. Jornalística JC Jarros, Sr. Delmar Jayme Jarros; Srs. Vereadores; Senhoras e Senhores.

Estamos neste fim de tarde, nesta Casa do Povo, homenageando um pedaço do povo, estamos homenageando uma idéia, um idealista que há muitos anos num movimento de coragem, como já foi dito, num período de muitas dificuldades, idealizou através de um mimeógrafo um pequeno informativo, como já disse o meu companheiro Záchia, informativo isso que se chamava Manifesto de Cargas, depois Consultor do Comércio, que trazia informações ao comércio, aos empresários da capital gaúcha, da chegada, da saída de meios de transportes de cargas. E o Jornal desenvolveu-se e mais tarde transformou-se em Jornal do Comércio. Mas eu tenho certeza que esse nome Manifesto de Cargas, Consultor do Comércio, ficou com muito carinho guardado na memória de muita gente. E é com esse carinho que hoje nós estamos nesta tribuna para homenagear o Jornal de Comércio. Um grande empreendedor, um idealista, Dr. Jenor Cardoso Jarros, que no dia 25 de maio, (dia da indústria) em 1933 deu o primeiro passo para essa vitória que nós estamos enxergando no dia-a-dia, que é o Jornal do Comércio. Em 1969 a comunidade gaúcha perdeu um homem de visão, com o falecimento do fundador do Jornal do Comércio, mas ficaram em seu lugar a viúva Dona Zaida Jarros, seu filho Delmar Jarros e uma grande equipe.

O Jornal do Comércio foi o primeiro jornal da capital gaúcha a modernizar-se usando a impressão em off-set, sempre dando cobertura aos assuntos econômicos, ligados à indústria e ao comércio, sendo pioneiro nesta atividade e hoje copiado por outros jornais. Também é veículo de assuntos políticos, esportivos, religiosos, eventos sociais e outros. Porém, continua dando relevantes espaços para assuntos industriais, financeiros e agropecuários. E é sem dúvida o jornal que mais tem divulgado o trabalho da Câmara de Vereadores. Com notícias corretas, mantendo um padrão que é respeitado por todos. É um agradecimento que faço em nome dos meus pares. O Jornal do Comércio é considerado um dos mais sérios veículos de comunicação da imprensa gaúcha, levando sempre a notícia com imparcialidade e fidelidade. E, me honra muito, como médico posso dizer que sou escritor do Jornal do Comércio, tenho conseguido auxiliar milhares de leitores, escrevendo a coluna de saúde VIVA BEM, prevenindo e orientando sobre diversas moléstias, o que para mim é uma honra. Desde o primeiro contato com o Jornal do Comércio, fui distinguido de maneira carinhosa e especial, o que me sensibilizou muito. E, também parabenizo o Jornal do Comércio que, é o único jornal gaúcho que tem preservado um espaço para a meditação sobre a palavra de Deus, sobre a Bíblia. Que Deus abençoe, cada vez mais esse Jornal, ele tem credibilidade, ele está crescendo, porque a Senhora sabe, minha irmã, que a mão de Deus está lá em cima. Quero nesta data festiva, e de público, cumprimentar o nosso Jornal do Comércio, estou terminando o meu pronunciamento, na pessoa da ilustre Sra. Zaida Jarros e toda a diretoria e funcionários, competentes da Rádio Princesa, do Jornal o Balcão e pedir a Deus que cada vez mais derrame das suas bênçãos sobre o Jornal do Comércio, sobre suas famílias, sobre todos os componentes do Jornal do Comércio. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador, Verª Maria do Rosário, pela Bancada do Partido Comunista do Brasil.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Wilton Araújo; Exma. Sra. Presidente da Cia. Jornalística JC Jarros, Drª Zaida Jayme Jarros, é um prazer especial cumprimentá-la, como uma mulher à frente de uma Cia. Jornalística; demais membros da Mesa; Senhores; Senhoras presentes e Vereadores.

“A ética do jornalista é a ética do cidadão”. Assim nos disse Cláudio Abramo, compilando todo o sentimento que deve nortear a vida de um jornalista.

Foi este também o princípio que inspirou a façanha de um homem cuja determinação fez com que, há sessenta anos, transformasse um sonho em realidade.

Estamos falando, e os colegas homenagearam, do Sr. Jenor Jarros, um empreendedor de larga visão. Graças às suas idéias arrojadas, podemos contar hoje com um veículo de indiscutível credibilidade: o Jornal do Comércio.

De maio de 1933 até hoje, tempo suficiente para fazer História no Brasil.

O Jornal do Comércio participou de momentos difíceis da vida do nosso povo: A campanha do Petróleo é Nosso; o Estado Novo; o suicídio de Vargas; o golpe de 64; a vitória do povo na campanha das Diretas; o “impeachment”, a luta de uma população por uma nação soberana e pela democracia no Brasil.

Esta história, pelos méritos que carrega em si, merece ser relembrada. Não houve somente flores pelos caminhos, mas pedras e tempos de obscuridade no nosso Brasil, que não queremos ver de volta.

A incipiente iniciativa, aquele primeiro momento, a forma inicial foi mimeografada: O “Boletim Informativo do Comércio”. Logo em seguida, tornou-se um “Consultor do Comércio”, circulando três dias por semana. Apesar das precariedades a fibra e a têmpera de seus idealizadores superaram tempos de crise; venceram guerras e sobreviveram à censura instalada em nosso País, para surgir, em 1956, com circulação diária. Desde então o JC, como é conhecido, vem acompanhando a evolução da nossa economia e os rumos de nossa desregrada política, com extremo dinamismo.

Intuição e sensibilidade, sem dúvida, não faltaram a Jenor Jarros, principalmente na escolha de seu público-alvo. Na busca de novos mercados, dirigiu sua mensagem ao meio empresarial, preenchendo, assim, uma grande lacuna. Por outro lado, como pessoa sensível que era, nunca esqueceu da função social que possui um veículo de comunicação, e soube transmitir muito bem a preocupação em servir à comunidade. Os frutos não tardaram a chegar e apesar de não termos mais entre nós o idealizador deste trabalho, tendo hoje à frente a Drª Zaida em 1979 o grupo adquire a Rede Princesa, composta, por 3 rádios. Perseguindo a modernidade e a ampliação da fatia de mercado, o JC remodelou-se: uma nova concepção gráfica e editorial proporcionaram um visual mais atraente e textos mais aprimorados. Ao longo do tempo, pudemos observar o surgimento de novos editoriais e secções que muito agradaram ao público do Rio Grande do Sul. Hoje, identificamos, indiscutivelmente, no Jornal do Comércio, uma fonte segura para os profissionais das áreas econômica e social, e também para os apreciadores de uma boa leitura. Um jornal especializado, que privilegia os seus leitores com informações sérias e, porque não dizer, com informações quentes. O JC é um jornal que não se propõe a contestações, mas vem mantendo, ao longo desses 60 anos, uma filosofia homogênea e linear, jamais se omitindo em questões cruciais para o nosso Estado e para o País. É motivo de orgulho, realmente, para todos nós, contarmos com um veículo da envergadura do Jornal do Comércio, que leva a todos os cantos do Rio Grande do Sul, sem temer fronteiras, o que acontece no restante do País e do mundo. Ao homenagear o Jornal do Comércio, fazemos também um tributo à liberdade de imprensa, à liberdade de informar, de dizer, que corresponde exatamente à liberdade de saber sobre o que acontece e de se posicionar criticamente no mundo. Esta é uma liberdade fundamental do ser humano. Temos, hoje, aqui, senhoras e senhores, o exemplo de uma família que soube acreditar num ideal de prosperidade, que veio a se chamar Jornal de Comércio. A vida desta família, que hoje aqui se representa, confunde-se com a história de um jornal; foi um sonho alimentado de muita paixão e persistência, e serve para todos como um exemplo. Eu gostaria de encerrar a nossa intervenção, em nome do PCdoB, com uma frase do cidadão Jenor Jarros: “É mais fácil construir do que destruir”. Certamente queremos que esta filosofia se espalhe entre todos nós. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Falará em nome do seu Partido, PFL, e da Câmara Municipal o Ver. Jair Soares.

 

O SR. JAIR SOARES: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Wilton Araújo; minha prezada amiga, Exma. Srª Presidenta da Companhia Jornalística JC Jarros; Drª Zaida Jarros; meu prezado amigo, Dr. Delmar Jarros, Vice-Presidente da Companhia Jornalística JC Jarros; Srs. Funcionários, integrantes do corpo da empresa jornalística JC Jarros, meus senhores, prezados colegas, Srs. Vereadores.

Todos os partidos desfilaram há poucos instantes, prestando uma homenagem muito justa ao Jornal do Comércio que hoje comemora os seus 60 anos. Cada um, de uma forma ou de outra, trouxe algo ligado a esse trabalho que já faz parte da história jornalística impressa do Rio Grande. Não quero fugir à regra. Conheci pessoalmente Jenor Jarros, guri, eu ainda pertencente ao gabinete do então Secretário de Obras Públicas, Engenheiro Euclides Triches, no primeiro governo do Engenheiro Ildo Meneghetti. Era oficial de gabinete, posteriormente fui chefe daquele gabinete. Nas lides diárias daquelas atividades político-administrativas mantinha contatos semanais com o Sr. Jenor Jarros. Muitas vezes, entregava pessoalmente as notícias do Secretário a quem eu servia. Constitui-se - ainda era novidade na época - um Gabinete de Imprensa, e lá, credenciados estavam, entre outros, como Kleber Borges de Assis, Vinícius Távora, Adão Carrazoni, Joseph Zukauskas, Homero Guerreiro. Isso foi nos idos de 1955. Portanto, há 38 anos, eu lido, pelas minhas atividades profissionais e políticas, como este jornal. Sei da lisura, sei do comportamento, sei da sua atuação, Dona Zaida, na trajetória, em substituição a este líder que teve a visão de criar um jornal, ligado, ontem, aos homens de negócio, hoje, voltado para toda a sociedade rio-grandense. Eu me recordo, por todos os lugares por que passei, na administração pública, do apoio permanente que recebi. Mais do que isso, quando se quis criar, em 1971, uma consciência sanitária no Estado, nas memoráveis campanhas para combater as doenças transmissíveis, como a varíola, que ainda não estava erradicada, a paralisia infantil, a difteria, a coqueluche, o sarampo, a rubéola, a cachumba, a meningite meningocócica, o Jornal do Comércio era a tribuna onde se podia formar e conscientizar a opinião daquela necessidade. No Ministério, não foram raras às vezes em que recebemos o apoio permanente e constante na luta que tivemos, que travamos. E esta solidariedade, ela se integrou ainda mais na minha vida quando governei o Rio Grande. O Jornal do Comércio, Dona Zaida, é um Jornal que tornou-se leitura obrigatória pela seriedade com que aborda todos os assuntos de interesse da nossa comunidade. Pela sua absoluta independência e voltado tão somente para a informação sem pretender conduzir a opinião pública. E hoje, Sr. Presidente, tenho absoluta certeza de que esta homenagem que se presta aos 60 anos do Jornal do Comércio extrapola o protocolo formal, porque ela sai do âmago e do coração de cada um dos representantes legítimos do povo nesta Casa. Por isso, os meus cumprimentos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Passamos agora a palavra à representante, à Presidente, à Senhora que comanda e que traz a esta Casa sempre a amizade e a vontade de estar, assim como nós, sempre juntos. Dona Zaida tem agora, o momento e o espaço para manifestar-se em nome do Grupo Jornalístico JC.

 

A SRA. ZAIDA JARROS: Em primeiro lugar, os meus cumprimentos ao meu querido Presidente Ver. Wilton Araújo e aos demais componentes da Mesa. Todos os meus queridos aqui presentes. (Lê.)

“O Jornal do Comércio nasceu, cresceu e firmou-se com uma empresa de comunicação que atende os seus objetivos, aqui mesmo, em Porto Alegre. Esta é a razão maior de alegria por estar entre os representantes do povo da Capital. Há 60 anos que temos uma mesma proposta: trabalhar em prol da comunidade e atender nossos leitores. Se não fosse assim, por certo, o nosso periódico não mais existiria, conforme ocorreu com tantos outros.

Mas nesta trajetória iniciada por Jenor Cardoso Jarros, em 1933, enfrentamos, sim, muitos obstáculos. A todos vencemos com fé, determinação, otimismo e vontade de alcançar nossos objetivos.

Devemos o que somos a esta Cidade. Renovo, pois, meus agradecimentos pela homenagem. Já é praxe, mas nem por isso deixa de emocionar. E, se estamos aqui, é porque são 60 anos. Toda uma vida intensa, sem bloqueios, em interrupções, passando por cima de vários obstáculos. Temos posição política definida, em favor da indústria, do comércio, da área financeira, da agropecuária. Livre mercado e concorrência leal. Mas, também, abrigamos em nossas páginas vozes discordantes. Pior do que ser acusado de praticar um jornalismo de opinião é disfarçá-lo sob o manto da isenção e, covardemente, manipular o noticiário em prol dos seus interesses e idéias.

Senhores vereadores, creiam, o Jornal do Comércio é claro e definido em favor do sadio capitalismo. Nem por isso deixa de exercer o direito de resposta, a exposição e análise do contraditório. Nossas páginas espelham esta atitude, que nos foi legada por Jenor Cardoso Jarros e é mantida por meu filho Delmar Jarros e demais diretores, desde a fundação.”

Muito obrigada a todos.

Continuem a perseguir os superiores interesses de nossa querida Porto Alegre.

Todos nós amamos esta Cidade que queremos ver sempre mais linda, acolhedora, limpa, aprazível e onde a qualidade de vida nos inspire a aqui ficar.

Sejam felizes no trabalho profissional e em suas vidas particulares. Muito obrigada.

Que Deus abençoe a todos e às suas famílias!

 

(Não revisto pela oradora.)

 

 O SR. PRESIDENTE: Cabe, ao encerrar esta Sessão Solene, atendendo Requerimento do Ver. João Dib, dizer que a honra da Casa está renovada, na medida em que vê o vigor e a proposta clara, transparente, dessa Senhora que comanda e que tem diante de si uma realidade, muitas vezes, adversa, mas que traduz com clareza suas posições nas páginas do jornal, na Câmara Municipal e em qualquer momento. Esse vigor, tenho certeza, reafirma e traz novamente à Câmara Municipal o desejo, não só de homenagem, mas, sim, de reconhecimento do trabalho isento, honesto, ético, moral que a Cia. JC Jarros faz para o nosso Estado. Os agradecimentos do povo de Porto Alegre de forma sincera. O Jornal do Comércio irá existir para sempre para ser o contra-ponto de outros que não trilham pelo mesmo caminho. Agradecemos a presença de todos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h40min.)

 

* * * * *